sexta-feira, 3 de maio de 2013

Guaraipo Schenki (Melipona bicolor schenki)


As pesquisas que estão sendo realizadas com abelha Guaraipo, estão revelando uma organização colonial menos hierarquizadas e uma maior divisão de poder entre rainhas e operárias. No universo da Guaraipo como essa espécie é conhecida, há quase sempre mais de uma rainha, a evidência de um comando compartilhado, e as operárias não se mostram tão submissas.
As servas geram ovos tróficos, que serve de alimento para as abelhas líderes, mas uma fração das operária ás vezes engana as soberanas e bota outro tipo de ovo, O reprodutivo que gera machos, fruto de uma forma de reprodução assexuada.
Os ninhos da Abelha Guaraipo constituem uma sociedade com uma estrutura mais flexível, as rainhas coordenam o trabalho, mas não mandam tanto. Descrita a mais de 160 anos , a guaraipo é uma abelha mansa, sem ferrão, com cerca de 1 centímetro, que costuma fazer o ninho próximo ao solo, no interior de árvores. 
Por apresentar comportamento e uma estrutura social aparentemente inédita, tornou-se a estrela do momento para estudos, essas abelhas indígenas, chamadas assim pois já estavam aqui ao lado dos primeiros habitantes do nosso território, são importantes por vários motivos. Do ponto de vista ecológico, ajudam a preservar a biodiversidade, são as polinizadoras por excelência das matas brasileiras.
Na abelha guaraipo há mais de uma rainha na colônia, nem todas as operárias são irmãs, algumas são primas ou exibem outro grau de parentesco, visto que as múltiplas rainhas tendem a ser mãe e filha ou irmãs, Em compensação para reforçar os laços familiares, cada rainha da guaraipo parece cruzar com apenas um macho, isto garante a manutenção de sua genética.
Nas colônias de Guaraipo, como nas de qualquer espécie de abelha, rainhas não são rebaixadas de status, nem uma operária pode ganhar o controle do ninho ou dominar as colegas, Ainda assim, ali acontecem coisas intrigantes, Embora tenha observado ninhos liderados por uma só rainha, Mas a organização social típica da Guaraipo são colônias com 2 ou 3 rainhas e as vezes até 4 ou 5 rainhas. Já se viu essa característica esporadicamente em outras espécies, mas não como padrão da espécie, Ninhos comandados por mais de uma rainha são um traço mais comum em colônia de Vespas e de Formigas.
Mas por que existem colônias de guaraipo com muitas rainhas quando o padrão entre as abelhas sociais parece ser o da Apis Melífera. Ninguém sabe ainda. Cogita-se que elas seriam descendentes de espécies mais primitivas ou fruto de ambientes com pouco espaço, o que teria favorecido a coexistência de várias lideres em um só ninho.
Há quatro anos e meio no Brasil, o biólogo holandês Dick Koedam, que deixou a Universidade de Utrecht para ser colaborador no laboratório de abelhas da USP, observou um comportamento absolutamente fora do normal em rainhas da guaraipo. 
As Rainhas até trabalham, esporadicamente, produzem cera, como se provou por análises químicas. A Melipona Bicolor é fascinante, diz Koedam, que já estudou na Costa Rica os hábitos de outras espécies sem ferrão abundante no Brasil, a Jatai ( Tetragonista Angustula ).
Outro dado surpreendente da Guaraipo: As Rainhas convivem em tranquilidade, sem grandes disputas, num mundo onde a partilha de liderança não parece ser empecilho ao desenvolvimento do grupo.
Experimentos no IB mostram que a retirada de uma das rainhas de colônias com duplo comando não altera a organização, Na maioria dos casos, após alguns meses, uma segunda líder é criada e aceita por todo o grupo, até pela primeira rainha. Isso mostra que para essa abelha sem ferrão é mais interessante contar com múltipla chefia do que com comando único.  
RAINHAS ENGANADAS A base da escala social da guaraipo também fornece dados igualmente extraordinário, Estudiosa do assunto VERA LUCIA colheu evidências de que algumas operárias podem demonstrar comportamento individualista e enganar as rainhas.
Sua equipe filmou ninhos em que uma operária, membro, portanto, da casta responsável por fornecer alimentos e construir as células onde as rainhas depositam o óvulo fecundado que vai gerar um descendente, articula uma artimanha. Ela espera uma das rainhas botar um ovo e, depois que a líder deixa o local, coloca um ovo reprodutivo seu e, finalmente, fecha a célula. As vezes outra operária percebe a artimanha da colega contra a rainha e resolve intervir, numa atitude igualmente individualista, devora o ovo da companheira de casta e o da rainha e bota ela também um ovo reprodutivo.
Muitas vezes uma dezena de operárias agem dessa forma sucessivamente. Apesar da rebeldia, as operárias de guaraipo parecem não manifestar nenhuma preferência em termos de chefia, Atendem a todas as rainhas da colônia com igual dedicação.
Vera Lucia e seus colaboradores estão convencidos de que algumas operárias de guaraipo são, na verdade, especializadas em botar ovos reprodutivos, um indicativo de que a divisão interna das tarefas nessa espécie pode apresentar diferenças significativas.  
RAINHAS =Não se sabe exatamente com quantos machos as rainhas cruzam, ainda não se consegue provar se com apenas um ou vários. A hipótese mais aceita vem de um trabalho feito nos EUA com 70 colônias de várias espécies de abelhas sem ferrão. A conclusão é que a rainha deve ser fecundada por apenas um macho, na abelha guaraipo talvez este pode ser o seu padrão de comportamento. Os estudos sobre o sistema de comunicação entre rainhas e operárias da guaraipo- Conduzidos pela bíôloga Carminda da Cruz -Landim, do Instituto de Biociências da Unesco de Rio Glaro, Estão em fase inicial, mas já há resultados.
Constatou-se que a linguagem dessas abelhas sem ferrão é fundamentalmente de origem química, À base de feromônios substâncias produzidas por glândulas, como as de Dufour, as mandibulares e as tegumentárias, que sinalizam determinados comportamentos, em muitos casos de sentido sexual ou reprodutivo.

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