A Trigona spinipes *Arapuá, Irapuá ou Abelha Cachorro)é uma abelha social brasileira, da subfamília dos meliponíneos. É uma espécie agressiva podendo atacar outras abelhas sem ferrão.
A Irapuã é encontrada no Acre, no Amapá, no Amazonas, no Ceará, em Minas Gerais, no Mato Grosso, no Pará, no Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.
- Morfologia
A abelha Irapuã possui coloração negra reluzente. Mede de 6,5 mm a 7 mm de comprimento, com pernas ocreadas e asas quase negras, na metade basal, e mais claras, na metade apical. Não possui ferrão, mas se enrosca agressivamente nos pelos e nos cabelos das vítimas. Isso acontece, pois seu corpo está normalmente coberto por resinas de árvores, como o pinus ou o eucalipto. Quando se sente ameaçada, penetra orifícios das vítimas, como as orelhas e as narinas.
- Ninho
O ninho da Irapuã é globoso, com meio metro de diâmetro e coloração marrom, construído entre os galhos das árvores. A entrada é ampla e oval com lamelas internas de cerume. Em seu interior destaca-se a presença de uma consistente massa composta de materiais diversos, como restos de casulos, madeira apodrecida, excrementos e resinas. Para obter as resinas, a Irapuá corta os tecidos vegetais com suas mandíbulas, que são bem desenvolvidas, e recolhe as substâncias que extravasam das plantas.
- Mel
O mel produzido pela Irapuã é armazenado na colmeia, em alvéolos grandes, conhecidos como potes de cera. Este mel é muito procurado, pois lhe são atribuídas propriedades medicinais. Vale lembrar, que por mais saboroso que seja este mel, o mesmo precisa ser tratado com pasteurização ou outros métodos, pois como ela costuma coletar fezes de animais, seu mel pode conter coliformes fecais, tornando-se perigoso para a saúde.
Informações Importantes
Embora as abelhas sejam responsáveis pela polinização de muitas plantas em áreas naturais e cultivadas, algumas espécies podem apresentar um comportamento indesejável. A abelha nativa sem ferrão, conhecida como Irapua ou Arapua (Trigona spinipes), pode se constituir numa praga para culturas agrícolas por destruir flores e/ou frutos. Especificamente no Submédio do Vale do São Francisco (Polo Petrolina, PE/ Juazeiro, BA), este comportamento pode causar sérios prejuízos, uma vez que a região é importante por causa da grande produção e exportação de frutas.
Resultados obtidos com a aplicação de um questionário entre produtores locais apontaram 13 plantas entre as 17 cultivadas, sendo atacadas por estas abelhas. De um lado, os danos atingiram em casos extremos até 50% da produção. Por essa razão, seus ninhos tem sido destruídos pelos produtores, que a consideram extremamente prejudicial às suas culturas. Por outro lado, as mesmas abelhas podem ser, também, polinizadoras de plantas nativas e cultivadas. Em alguns casos, mesmo quando causam algum dano às flores, podem não afetar a formação de frutos e sementes, pois já realizaram a polinização.
Observações preliminares em flores de romã (Punica granatum) confirmaram isso. Inicialmente, as abelhas foram observadas visitando as flores massivamente e coletando recursos, sugerindo que poderiam ser as polinizadoras efetivas da cultura. Entretanto, em seguida foram observadas atacando as flores. Mas mesmo após a destruição de partes florais, os frutos foram formados perfeitamente, indicando que a polinização não foi afetada pelo comportamento destruidor das abelhas. Dessa forma, seria essencial compreender melhor o comportamento destas abelhas, com a finalidade de minimizar seu efeito destrutivo e usá-la como polinizadora. (Fonte: Embrapa)